A importância do Movimento Estdantil

10/04/2013 16:39

‘A história do Brasil não seria a mesma se não fossem os estudantes. Seja na defesa da nacionalização do petróleo, da resistência à Ditadura Militar, nos momentos decisivos na redemocratização do país e no combate às políticas neoliberais de Fernando Collor, quando os estudantes foram de caras-pintadas às ruas.

No Rio Grande do Norte, a primeira tentiva de organização dos estudantes ocorreu no ano de 1928, no Colégio Atheneu (a mais antiga instituição escolar brasileira, fundada antes mesmo do Colégio Pedro II), com a fundação da Associação Potiguar de Estudantes, que chegou a publicar um jornal intitulado A Voz do Estudante.

Com o decreto do governo federal fundando o Centro Estudantil Brasileiro, a APE foi desativada, retomando suas atividades a partir de 1949.Em 1952, em meio a uma disputa de legitimidade das entidades estudantis secundaristas, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), em Congresso realizado em Belo Horizonte, decidiu pelo reconhecimento da APE como entidade representativa dos estudantes potiguares de nível secundarista. Fez a defesa da APE o estudante Geraldo Melo.

Por falar na UBES, o Rio Grande do Norte elegeu o primeiro presidente da entidade nacional dos estudantes secundaristas. Luís Bezerra de Oliveira, presidente na gestão de 1948-1949, foi estudante do Atheneu Norte Rio-Grandense antes de presidir a UBES. Além de Luís Bezerra, dentre os 11 estudantes que compuseram a 1ª Diretoria da UBES, havia mais um potiguar, o estudante Juracy Costa.O I Congresso Estadual de Estudantes, promovido pela APE, foi amplamente divulgado nos jornais da cidade, ocupando espaço nas discussões políticas e sociais de Natal. O primeiro presidente da APE foi Érico Hackradt, em uma diretoria composta por nomes como Moacyr de Góis, João Ururahy Nunes e Omar Pimenta.

Entre 1955 e 1956, inconformados com a decisão do governo estadual de demitir o professor Celestino Pimentel, que era considerado um ótimo diretor pelos estudantes, estes resolveram denominar de “Diretório Estudantil Celestino Pimentel” a entidade de representação dos estudantes do Atheneu.

Em 1958 os estudantes conquistaram duas de suas mais significativas bandeiras de luta – a meia-entrada e meia-passagem. Com a lei de autoria do fundador e ex-presidente da APE, o Vereador Érico Hackradt, instituiu-se o abatimento de 50% nos cinemas e ônibus.Ainda na década de 50, foi eleito o primeiro potiguar para a executiva nacional da UNE (União Nacional dos Estudantes), entre 1954 e 1955. Foi nesse período, em 1955, que surgiu a União Estadual dos Estudantes do RN (UEE/RN), que hoje está desvinculada do movimento estudantil.

Já em 1961, um dos maiores encontros estudantis do mundo ocorreu em Natal. Era o CLAE – Congresso Latino Americano de Estudantes, promovido no Teatro Alberto Maranhão, cujo coordenador foi o presidente da UNE, Aldo Arantes. Dentre os convidados, o presidente João Goulart, Tancredo Neves, Leonel Brizola, dentre outros. Era o momento auge da revolução cubana e, já no evento que reuniu de estudantes de vários países, houve denúncias de que um telegrama da CIA orientava delegados que foram comprados para votar resoluções pró-Estados Unidos. Esse fato provocou um racha no Congresso, que acabaria sendo realizado na Escola Estadual Anísio Teixeira.

Estiveram em Natal dirigentes da UNE como José Luís Guedes e Luís Travassos para organização dos estudantes contra a Ditadura no país.No famoso Congresso da UNE, em Ibiúna, em 1968, o movimento estudantil universitário do RN foi representado pelos jovens Juliano Siqueira, Gileno Guanabara, Ivaldo Caetano, José Bezerra Marinho Júnior, Emanoel Bezerra, Dermi Azevedo e José Maria Ruivo.

Uma das medidas da Ditadura Militar para enfraquecer o movimento estudantil foi a criação do Diretório Nacional Estudantil (DNE), que realizaria o 1º Seminário Universitário do Brasil em Natal, no Teatro Alberto Maranhão, resultando em um grande fracasso diante do boicote promovido pelas entidades estudantis. Marcado entre os dias 4 e 7 de maio de 1967, o DNE foi rejeitado pela totalidade de Diretórios Estudantis de Natal presentes. Seu presidente, Carlos Canavarro, foi vaiado na sede do DCE da UFRN. Ao todo, 100 estudantes participaram do Seminário.

Nessa época, destacou-se o estudante José Silton Pinheiro, egresso do Diretório Estudantil Marista, tendo presidido esta entidade em 1965. Silton foi preso em dezembro de 1972 e torturado até a morte. O motivo: não entregou seus companheiros de luta armada. Seu nome homenageia o Diretório Central dos Estudantes da UFRN. Já o Diretório Central dos Estudantes do IFRN homenageia Luiz Maranhão Filho, ex-deputado estadual, líder comunista, sequestrado e assassinado pela Ditadura Militar em 1974. Luiz Maranhão era irmão de Djalma Maranhão, prefeito de Natal cassado pelos militares, que também é reverenciado por outra importante entidade estudantil potiguar, o Grêmio Estudantil do IFRN.

Em 14 de maio de 1982, foi fundada a União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas, sediada hoje na Rua Voluntários da Pátria, Cidade Alta. Desde 1981 os estudantes começavam a discutir a organização de sua entidade estudantil local através da Comissão Pró-UMES. O 1º Congresso da UMES de Natal ocorreu no Instituto de Teologia Pastoral de Natal (ITEPAN). Cláudio Damasceno foi o primeiro presidente eleito.Com a lei dos grêmios livre, de autoria de Aldo Arantes, o primeiro grêmio estudantil reconstruído no Rio Grande do Norte foi da ETFRN (IFRN), que passou a se chamar Grêmio Estudantil Djalma Maranhão. Seu primeiro presidente foi o estudante Walter Júnior.

Em 1988, no auditório da reitoria da UFRN, a Diretoria de Mulheres da UMES realiza o 1º Encontro Nordestino da Mulher Jovem Secundarista. No evento foram debatidas questões como a discriminação profissional e salarial da mulher, educação sexual, informação e acesso aos meios anticoncepcionais, reforma educacional e discriminação social.Nesse mesmo ano, a Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas (APES) foi reorganizada. Participaram do Conselho Estadual de Entidades Estudantis a UMES de Natal, o Centro Estudantil Mossoroense (CEM), UMES de Pedro Velho, UNICES de Currais Novos e UESA de Apodi. Nos dias 26 e 27 de novembro, a APES foi reorganizada na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (atual IFRN). O slogan do Congresso era “Nossa força está na organização”.

Em 92, estudantes natalenses foram às ruas reivindicar o impeachment de Fernando Collor

Em 2002, foi aprovado na Assembléia Legislativa o projeto de autoria da Deputada Estadual Fátima Bezerra e sancionado pelo governador Fernando Freire, que garantiu a meia passagem intermunicipal no Rio Grande do Norte. Bandeira histórica das entidades estudantis, contou a decisiva participação dos dirigentes regionais da UNE, UBES e das entidades estudantis locais (APES, UMES e DCEs). Além das mobilizações de rua, as entidades promoveram abaixo-assinado em diversas cidades do Estado. O decreto assinado estabelece que a UBES e a UNE fazem parte do Conselho Administrativo da Meia Passagem Intermunicipal.

No final do ano de 2004, o Vereador Pio Marinheiro apresentou um projeto de restrição dos passes estudantis mensais de 120 para 60, conhecido como “lei dos passes”. Novamente os dirigentes das entidades mobilizaram diversas passeatas para evitar o retrocesso nos direitos conquistados e o projeto de lei foi derrotado em sessão realizada no último dia do ano. Mesmo em férias, dezenas de estudantes ocuparam as galerias e denunciaram a “Lei dos Passes”.

Em 2005, uma reivindicação do Grêmio Estudantil Djalma Maranhão tornou o CEFET-RN (IFRN) uma das primeiras instituições federais de ensino superior a adotar o sistema de reserva de vagas defendido pelas entidades estudantis. Nessa instituição, 50% das vagas, por curso e por turno, são destinadas aos egressos de escolas públicas.Mais uma vitória neste mesmo ano foi a conquista da gestão democrática na rede estadual de educação. A APES é membro titular do Conselho, integrando a Comissão Eleitoral Central. Com a gestão democrática, reduziu a quantidade de reclamações envolvendo arbitrariedades no espaço escolar, permitindo um ambiente mais democrático na instituição.

Em 2011, após a Jornada Nacional de Lutas realizada em março, em Natal, os estudantes secundaristas retomaram seu assento no Conselho Municipal de Educação da capital potiguar e a ouvidoria da meia-entrada, para que este direito conquistado pelo estudante seja respeitado.Ainda neste ano, foi criada a Identidade Estudantil Eletrônica, que unifica o Cartão do Estudante e a Carteira de Estudante em um só documento. O presidente da UBES, Yann Evanovick, afirmou que os municípios brasileiros deveriam tomar a IEE como exemplo, pois é um instrumento que vai eliminar a falsificação das carteiras de estudante e valorizar o movimento estudantil legítimo, como os Grêmios, Centros Acadêmicos, Diretórios e Entidades Municipais e Estaduais.

Em agosto de 2011, em seu 15º Congresso, foi conduzido o estudante Whanderley Costa (perfil) à presidência da UMES|Natal e, no mês de novembro, o estudante Pedro Sérgio (perfil) foi eleito presidente da APES/RN. Ambos são estudantes do nível técnico do Instituto Federal de Educação Tecnológica do RN.